Jovens de hoje não estão contra Igreja: simplesmente não a conhecem

(ZENIT.org).- Hoje os jovens não estão contra a Igreja, simplesmente não a conhecem, não sabem nada sobre ela. Assim manifestou o sacerdote francês Éric Jacquinet, novo responsável da seção «Jovens» do Conselho Pontifício para os Leigos, que será uma das pessoas-chave na organização da próxima Jornada Mundial da Juventude de Madri. Jacquinet explica, em uma entrevista ao jornal vaticano L'Osservatore Romano publicada na edição de hoje, que este afastamento dos jovens se deve à «incapacidade da família para transmitir a fé». O sacerdote pertence à comunidade do Emmanuel e desenvolveu uma intensa pastoral com jovens afastados da arquidiocese de Lyon. «Na paróquia de Vénissieux, 65% dos jovens eram filhos de pais separados e os cristãos, uma minoria em meio aos imigrantes. Tivemos de evangelizar de porta em porta», explicou. Entre os jovens atualmente «existe mais que uma necessidade de espiritualidade, um desejo afetivo forte, que gera certa confusão com a experiência espiritual. Mas isso não basta para construir pessoas adultas na fé», explicou. O novo responsável da organização das JMJ as acompanhou praticamente desde seu início, em Roma (1985) e Santiago de Compostela (1989). «Em Santiago, eu era responsável por um ônibus com 24 jovens franceses e outros da ex-Tchecoslováquia. Assim conheci a Igreja das catacumbas: tinham permissão para viajar só como turistas, e entre eles havia um sacerdote clandestino. Só duas pessoas do grupo conheciam sua verdadeira identidade», relatou. Jacquinet participou também de Sydney, ainda que esta vez «para aprender» o trabalho que lhe espera. «Pude ver como esta metrópole australiana fortemente secularizada se transformou pela presença dos jovens nas ruas. Os próprios sacerdotes locais, alguns muito céticos, se convenceram, porque o Espírito fez algo grandioso e o cardeal Pell venceu o desafio». Com relação aos desafios que a organização da próxima JMJ deverá enfrentar, o sacerdote apontou duas questões importantes: por um lado, «a necessidade de acompanhar a experiência das Jornadas, com o crescimento de uma fé madura».Por outro, viu-se a importância de potencializar «a acolhida aos peregrinos por parte das dioceses do país de acolhida», tema sobre o qual já se começou a trabalhar com o cardeal Antonio María Rouco, arcebispo de Madri, e com outras dioceses espanholas. «Quero trabalhar com todos, sobretudo com as delegações de pastoral juvenil dos cinco continentes», acrescentou. Mais além das JMJ, Jacquinet explicou que é necessário potencializar a pastoral juvenil em todo o mundo. «É preciso contar com lugares de reflexão para uma geração cada vez mais frágil... O problema está na raiz, nesse vazio que os jovens precisam preencher e, para consegui-lo, devemos dar respostas concretas.»

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